Comunicação para startups: reagir em momentos de crise

Comunicação para startups: reagir em momentos de crise

É inegável o impacto que a Covid-19 teve no universo das startups. A grande maioria, viu-se a braços com desafios à partida intransponíveis: salvar o negócio, conseguir investimento numa época de crise ou, simplesmente, não deixar morrer o sonho e a ideia que esteve na base da sua criação. 


Em março de 2020 tudo mudou! A Covid-19 trouxe desafios enormes a todos os níveis e as startups e pequenos negócios não passaram ao lado dos piores efeitos da pandemia. Vimos ideias com tudo para vencer no antigo mundo a ficarem pelo caminho logo no primeiro confinamento e vários negócios a fecharem portas face à insustentabilidade do momento. 

De acordo com o mais recente Relatório Global do Ecossistema de Startups, da Startup Genome, o financiamento diminuiu 20% a nível mundial no primeiro trimestre de 2020 –  só na China reduziu 50%. O relatório mostra ainda que 72% das startups no mundo registaram uma quebra nas receitas desde o início da crise  –  o declínio foi em média de 32%. Além disso, 40% das startups registaram uma queda de 40% na receita ou mais, e apenas 12% relataram crescimento.

A nível nacional, e de acordo com o European Payment Report divulgado pela Intrum, as empresas portuguesas estão no top 3 das mais preocupadas com o impacto da pandemia de Covid-19 a curto e longo prazo a nível económico. O relatório coloca Portugal no ‘top 3’ de países a considerar que a recessão pan-europeia será um dos maiores obstáculos que as empresas vão enfrentar nos próximos meses para pagarem os seus salários dentro do prazo o que, claramente, preocupa ainda mais quem acaba de montar uma startup e precisa de investimento para sobreviver e crescer em equipa e como negócio. 

Em pleno caos, e uma vez mais, o poder da comunicação é imenso. Falar de estratégias e planos de comunicação para startups nunca é demais, muito menos nesta fase. Afinal, como reagir em momentos de crise e adaptar a comunicação a este cenário?

Um ajuste de expectativas 

São precisas horas, dias, meses ou mesmo anos para levar uma boa ideia a um pitch ou para se receber o investimento necessário para escalar uma startup. Empreender é todo um desafio de inovação, gestão, ajuste, conhecimento profundo do mercado e também da sua concorrência. São muitas horas no terreno e de pesquisa sem pausas para se conseguir posicionar uma startup no mercado; se em condições ditas normais, nem sempre o negócio prospera pelos mais variados motivos, imagine-se quando se depara com uma pandemia que faz parar o mundo.

Todos os dias vemos um novo restaurante a fechar, uma loja que não sobreviverá a mais um confinamento ou uma ideia de negócio que ficou em standby por falta de retorno monetário. Parece que o mood atual é este e há que girar a tômbola no mesmo sentido e antecipar-se às situações possíveis. Ajustar expectativas à realidade atual, e ao momento em que uma startup está, é o primeiro factor a ter em conta para aguentar o barco. Não vale a pena realizar grandes investimentos se esta não é uma ideia que contribui realmente para o combate da covid-19 ou que facilita a vida de todos em contexto de pandemia. Claramente que redes sociais como a Clubhouse souberam ajustar-se a estes tempos, mas uma empresa de produtos macrobióticos talvez não consiga sobreviver, pelo que cada passo deve ser dado de acordo com o tipo de negócio em questão. Começar por perguntas chave como até onde posso ir? ajudará na tomada de decisões e, se necessário, num travão essencial para não perder tudo o que está para trás, mas também para não comprometer tudo o que estará para vir quando a pandemia acabar. 

Aqui, e uma vez mais, a comunicação joga um papel forte para ajustar da melhor forma o novo cenário da sua startup. Sem nunca deixar de comunicar, há sempre que saber ajustar a mesma ao momento, identificar o tom que a marca deve adotar, estar atento a oportunidades ou mesmo saber parar quando não há nada relevante para dizer. Esta poderá ser a chave do equilíbrio da sua empresa já que, em momentos como os que vivemos, uma comunicação excessiva pode não jogar a favor do negócio. 

Mais humanização e menos negócio 

Um problema que afeta diretamente toda uma sociedade - como é o caso de uma pandemia - nunca pode ser ignorado pelas marcas. É tempo de deixar um pouco de lado o negócio ou o core business da empresa e passar para o outro lado. Quem somos nós enquanto pessoas e como vamos sair desta situação  juntos? Em que é que a pandemia pode afetar a nossa saúde física e mental e quais serão os reais efeitos que  quando tudo isto acabar? E por último, como é que a minha marca pode ser útil durante a Covid-19? 

Colocar-se do outro lado e perceber o que a comunidade precisa realmente é o primeiro passo para ser reconhecido no meio. De nada vale comunicar o que se faz se, neste preciso momento, o que importa é salvar vidas. As  empresas precisam de abraçar novas causas e fazerem-se notar por isso, mesmo que o retorno monetário ou o crescimento não seja exatamente o que esperavam ter neste momento. Ajustar a comunicação da marca ao momento em que se vive, mostrar quem está por detrás da marca e que também essas pessoas são humanas e têm as suas preocupações, o que fazem e quais as causas que defendem será sempre o principal motor da promoção de uma startup, de uma forma talvez inesperada, mas real e adaptada à realidade em que vivemos. 

Antecipar situações e cenários 

O mundo não pára, mesmo durante a pandemia. Saber identificar os pontos fortes de um negócio e potenciá-los da melhor forma possível será uma boa forma de antever situações e antecipar cenários mais caóticos. Adaptar a sua ideia à nova realidade, pensar em atividades e iniciativas que geram grande impacto na comunicação da marca sem precisarem de um grande esforço de tempo e dinheiro são mais-valias para a qualquer startup em fase de arranque e não só. 

Criar redes de suporte com parceiros e outras marcas pode ser um apoio fundamental nesta fase mais incerta, tanto para beberem informação e novas ideias uns dos outros, como para se promoverem mutuamente de uma forma orgânica e chegarem a outros públicos-alvo. Estas novas iniciativas são também de grande interesse para a comunicação, seja na assessoria de imprensa seja  no digital, mostrando que sabem adaptar-se às circunstâncias e encontrar soluções em plena crise. 

No fundo, e no que diz respeito à comunicação, seja ela feita interna ou externamente através de uma agência, tem sempre o poder de fazer chegar a todos a alma de uma ideia ou projeto, sendo essencial no sucesso de uma startup. Uma boa comunicação leva uma boa ideia a bom porto, independentemente do cenário atual. De forma abreviada, podemos resumi-la a três palavras: estratégia, visão e foco! 

Photo by Start Digital on Unsplash

Maria João Lopes
Head Account & Head of Social Media

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